Uma pesquisa da Embrapa Meio Ambiente (SP), da Embrapa Amapá e da Embrapa Roraima aponta que o PSA (Pagamento por Serviços Ambientais) pode ser uma estratégia eficaz para impulsionar o desenvolvimento sustentável na Amazônia. O estudo, publicado no livro “Castanha-da-amazônia: ecologia e manejo de castanhais nativos”, analisou os mecanismos PSA e REDD+ (Redução de Emissões Provenientes de Desmatamento e Degradação Florestal) na Amazônia e concluiu que ambos têm potencial para agregar valor às florestas com ocorrência da castanheira, trazendo benefícios adicionais, como o armazenamento de carbono, regulação do clima e o cumprimento de metas estabelecidas em programas governamentais e acordos internacionais.
A castanha-da-amazônia é um dos principais produtos do agroextrativismo brasileiro e sua cadeia envolve dezenas de milhares de famílias. Além de seu valor econômico, as florestas com castanheiras também abrigam uma grande biodiversidade de flora, fauna e microrganismos, desempenhando um papel fundamental na manutenção dos ecossistemas.
“A castanheira desempenha um papel crucial na conservação da Amazônia. Ela está presente em cerca de 32% do bioma, 2,3 milhões de km², aproximadamente”, afirma o pesquisador da Embrapa Marcelino Guedes”. A espécie é encontrada em matas de terra firme em toda a região da PanAmazônia, que inclui Brasil, Guiana, Guiana Francesa, Suriname, Colômbia, Bolívia, Peru, Equador e Venezuela”, completa.
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O estudo demonstrou que, embora as castanheiras representem apenas 3% dos indivíduos em um castanhal na Amazônia Setentrional, elas contribuem com 40% da biomassa viva acima do solo, dos quais cerca de 50% são carbono. “A longevidade das castanheiras permite que esse carbono seja armazenado por um longo período, entre 300 e 400 anos”, destaca a pesquisadora da Embrapa Carolina Castilho.
Os pesquisadores acreditam que as compensações pelos serviços ambientais, além de serem cruciais para a conservação da Floresta Amazônica, também promovem a sustentabilidade das comunidades que dependem da castanha. “Além de fortalecer a economia florestal e o mercado de produtos amazônicos, é importante reconhecer a importância do agroextrativismo e dos serviços ambientais prestados pelas famílias que dependem da castanha para a conservação dessa inestimável floresta”, defende o pesquisador da Embrapa Patrícia da Costa.
O estudo conclui que a recompensa pela preservação e melhoria dos serviços ambientais incentiva um manejo florestal sustentável, a conservação da floresta e o seu uso responsável. Portanto, os mecanismos PSA e REDD+ devem ser implementados por meio de políticas públicas ou iniciativas privadas, desde que sejam bem planejados e executados. Os pesquisadores sugerem que os programas de compensação devem ser inclusivos, envolvendo as comunidades locais e garantindo que os benefícios sejam distribuídos de forma equitativa.
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