Tenho uma teoria sobre a relação de Campinas com o monumental Maestro Carlos Gomes: a cidade não gosta do seu filho mais ilustre.
No entanto, a verdade contrária é uma constatação. Carlos Gomes era apaixonado por sua terra natal.
Aliás, quando saiu daqui e foi para o Rio de Janeiro, seguindo sua trajetória ao estrelato europeu – com patrocínio imperial – o fez exatamente por não ver muitas possibilidades de ser reconhecido por sua terra, liderada por uma aristocracia escravagista.
Talvez por sua origem simples e sua pele morena? Quem pode dizer que não?! O filho de Maneco Gomes e Fabiana Jaguary, antes de seguir viagem, profetizou que seu retorno à Princesa d´Oeste seria na seguinte condição:
“Só voltarei coroado de glória ou só voltarão meus ossos!”
Voltou coroado de glória, mas não chegou ao extremo de retornar aos ossos, pois veio de Belém (PA) embalsamado.
O retorno de Carlos Gomes ao Brasil
Depois do retorno ao Brasil, após curto período na Itália justificado por negar-se a compor o hino da recém proclamada República, Carlos Gomes se estabeleceu em Belém (PA) e por lá ficou até sua morte, sucumbindo a um câncer de língua e garganta.
Demorou quase um mês para ser enterrado, pois seu cortejo parou em algumas capitais para que o maior artista brasileiro da história fosse reverenciado. Cansativo, mas, merecidíssimo.
Ao chegar em Campinas, depois de uma verdadeira epopéia, foi enterrado no histórico Cemitério da Saudade, no mausoléu da família Ferreira Penteado e por lá ficou por quase 10 anos.