Diversas vozes se uniram hoje (20) em Araraquara na Marcha Unificada do Dia da Consciência Negra.
A 16ª Marcha da Consciência Negra, reuniu também a Marcha dos 21 dias de Ativismo pelo Fim da Violência Contra Mulheres e Meninas e a Marcha do Dia Internacional da Memória Trans.
Mesmo com o sol a pino, dona Maria Aparecida Alves, uma das lideranças do movimento negro de Araraquara, estava presente se manifestando contra o racismo e injustiças sociais.
“Estou muito emocionada porque estive muito doente, mas agora posso vir defender a minha raça negra, e estar aqui é uma grande vitória”, contou.
Dona Maria se recupera de uma grave doença e estava de cadeiras de rodas na marcha.
Animada e com chocalho em mãos, ela se preparava para a caminhada que saiu da Praça da Matriz até a Estação Ferroviária, na Feira Afro.
“Eu venci uma doença brava e estou numa cadeira de rodas porque estou com dor mas vou ainda caminhar muito com o povo negro que amo muito”, frisou.
Vestida a caráter, a rainha do maracatu do Sementes Crioulas, Maria Cristina Teodoro, enfatizou o dia de luta.
“Me sinto feliz por estar aqui mas também é um dia de luta. O maracatu é simbólico, é nossa cultura popular mas sabemos que no dia a dia enfrentamos muito racismo, machismo e homofobia. Além de ser um dia de celebração, é um dia de luta”, avaliou.
LUTA ANTIRRACISTA
Relatos de racismo, luta antirracista, fim da violência contra a mulher e ativismo marcaram os discursos na praça da Igreja da Matriz.
A coordenadora de Política Étnico-raciais de Araraquara, Alessandra Laurindo, cobrou das autoridades mais efetividade frente aos casos de racismo na cidade.
“Há legislação que fala que quem comete racismo é crime, mas não vemos pessoas sendo presas por serem racistas. Temos 64 casos de racismo na cidade e quantas pessoas foram presas em 2022? Pregamos pelo diálogo, legislação, caminho do certo, mas infelizmente não temos respeito jurídico. A branquitude continua falando e assumindo que é racista e nos xingando de macaco”, desabafou.
Laurindo questionou o privilégio branco na sociedade e pediu mais atitude.
“Perceba se tem preto em sua escola, em seu no trabalho, ou no restaurante que frequenta. Precisamos de aliados e ir pra cima contra o racismo. Não podemos continuar sendo parte do problema e sim solução”, apontou.
As vereadoras Fabi Virgílio (PT), Filipa Brunelli (PT), o vereador Guilherme Bianco (PC do B), a primeira deputada estadual negra eleita de Araraquara, Thainara Farias (PT), faziam coro à causa negra e das minorias.